Crepúsculo
Cai a tarde
Mais um dia cai também.
Cadeiras nas calçadas, o disse-me-disse...
A tarde não pinta o crepúsculo
Quem pinta é o sol que, triste e saudoso, vai indo
Lento como a prece das seis
Pra pintar amanhã outra vez
Pássaros voam, acenando adeus
Entre praias, desertos e penhascos
E o sol, com seus raios
Agarrados à Terra firme,
Quer ficar mais entre nós, mas não dá.
A brisa vespertina, numa agonia lenta,
Tremula e murmura, em vão, seus ditongos:
- Ei!... 0i!... Ai!... part... iu!
E ela se foi... a tarde se foi sensual e encantadora
E despejou suas alegrias aos encantos da lua
A tarde seguiu o sol, surdo, soberbo e rabugento
Ela não quis ecoar
Seu clamor resmunguento.
As tardes e seus encantos esvaecem
E o horizonte como protagonista,
Como pano de fundo, bonito,
Sem as saudades e sem as lembranças,
É apenas, divinamente, o infinito.
0h! Pedaço de Beleza
0h! Terra de sonhos
Em nome dos devaneios
Complete nossa platéia nesta tarde
Que homenageia a despedida do sol
Tão bondoso, tão justo e gracioso
Só não deixe cairem por terra as flores
Que cobrem essa fúnebre partida.
Sol: Luz aos olhos de nossos amores.