Serra de São José
A natureza, as forças.
Duro trabalho de construir,
Destruir e depois reconstruir.
Soberana, ri de si mesma,
Desdenhosa e descuidada,
Mas não arrogante.
Bem que não se planta,
Valia que não se colhe,
Colher o que não se junta
Escolhe o que espanta.
A serra cresce e depois encolhe,
A água traz, a água leva,
O monte se eleva, depois se lava
Suspende e se joga
Gotas de pedra dependuradas.
Olha de cima o fundo do rio
O vale escavado a ferro e frio.
Se vê as montanhas, em arcos,
Em pendentes sem neve, sem verde
Só líquens cinzentos.
Ocultando o poder, a natureza
Fez no tempo, há quanto?
Não se conta nem nos dedos de Deus
Nos órgãos da serra.
Energia e rocha! Mistério escondido
Beleza escondida,
Energia que sobra em cada dobra,
Em cada falha, sobra.
Em cada gesto contínuo,
Continua a feitura, nunca cessa...
Transformações sutis e lentas,
Ainda agora estão se formando,
Mas o homem não vê
Himalaia e Andes, Everest e Aconcágua
Seu futuro é pico da bandeira
E da bandeira o pico
Se erguerá de novo, aos píncaros,
Nada cessa, tudo passa.
Tiradentes (MG), junho de 2017