Menstruo
Jorra de mim o sangue, como se a cada mês renascesse.
Por dentro borbulho, quente, terra, o ar, balbuciando melodramas.
O gosto da comida é árduo e o gosto da paixão, hoje, depois do corpo mais maduro, salgado.
Um líquido que sai da amada, e agora meu sangue em seus dedos, preso em suas unhas, enquanto em mim, entra. Com um apetite de um vampiro doce.
Escorre pelas minhas pernas... toda a minha angustia.
Menstruo. Menstruo pela boca. Palavras coaguladas entupidas de desejo de me despir a alma
de despir a carne
Meu útero aperta em uma cólica de reflexão.
E sinto dores no seio, inchado de acordo com o choro, que vem despercebido e ressentido.
E a inquietação, um apetite, fico arisca.
Da minha ira, cuido eu.
Do meu libido, também. Que é específico. Quero ela.
E ela me toca, me lambuza e seu céu é úmido. Seu céu é um rio. Me chama; Nade e mergulhe fundo em mim
e seguro o próprio lábio, pois indômito sinto meu estomago. Faminto por amor.
Menstruo, todas os barulhos da mente
e por dias transbordo pelos olhos
chorando e chovendo a sensação
de se estar viva.