Menstruo

Jorra de mim o sangue, como se a cada mês renascesse.

Por dentro borbulho, quente, terra, o ar, balbuciando melodramas.

O gosto da comida é árduo e o gosto da paixão, hoje, depois do corpo mais maduro, salgado.

Um líquido que sai da amada, e agora meu sangue em seus dedos, preso em suas unhas, enquanto em mim, entra. Com um apetite de um vampiro doce.

Escorre pelas minhas pernas... toda a minha angustia.

Menstruo. Menstruo pela boca. Palavras coaguladas entupidas de desejo de me despir a alma

de despir a carne

Meu útero aperta em uma cólica de reflexão.

E sinto dores no seio, inchado de acordo com o choro, que vem despercebido e ressentido.

E a inquietação, um apetite, fico arisca.

Da minha ira, cuido eu.

Do meu libido, também. Que é específico. Quero ela.

E ela me toca, me lambuza e seu céu é úmido. Seu céu é um rio. Me chama; Nade e mergulhe fundo em mim

e seguro o próprio lábio, pois indômito sinto meu estomago. Faminto por amor.

Menstruo, todas os barulhos da mente

e por dias transbordo pelos olhos

chorando e chovendo a sensação

de se estar viva.

Gabi Batoni
Enviado por Gabi Batoni em 03/09/2018
Reeditado em 26/09/2018
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