Jardim quintal
Começa uma manha chuvosa
Cai a luz da manha no jardim
Ouço o som das gotas no telhado
Cai as gotas sobre as folhas, ruído
Escorre água pela ladeira lamosa
No fundo do vale de um velho rio manso
Cantarola feliz sua canção da cheia
As folhas estremecem suavemente
Entre elas assoma um sapo
Gordo e verruguento, pula e some no mato
O tempo foi desapiedoso com o jardim
Secou gramas, rosas e arbustos
O vento forte despetalou as flores
Despetalou o cenário de grandes amores
Um cenário, cuidado, estremecido assim
A chuva diminui, as paredes molhadas
Por entre plantas, a água transborda em poças
Água que o solo lambe como água da fonte
Transborda pelos lábios de pedras
Escorrendo ao rio que a bebe com avidez
A chuva para de cair, as folhas cheias de gotas
As margens do rio grandes mosaicos
Areia, folhas, galhos e lama, autor temporal
Há charcos úmidos entre a grama
O céu cinzento e pegadas na lama, depois do temporal.