TELA DIVINA
A noite já reinava há horas.
A hora de dormir também chegara.
Hora marcada pela rotina de mais um dia concedido e vivido.
Ao chegar ao quarto para prepará-lo,
Um travesso raio de luar entrara pela janela
E o clareava por completo!
Pensei: é lua cheia!
Ao aproximar-me da janela para fechá-la,
Hesitei... não pude fazê-lo.
Uma lua enorme e linda
Comandava todo o límpido céu!
Nem uma nuvem.
Nada havia que empanasse aquele brilho argênteo,
Que inundava todo o infinito celeste!
Debrucei-me na janela
E, prisioneira daquela visão sublime,
Perdi-me no deleite de tão suave encantamento!
E assim, contemplando aquela tela divina,
Ficaria ali, embevecida, por tempo indeterminado...
Mas o sono que já chegara,
No seu "egoísmo" cotidiano,
Ditou-me o que eu tinha que fazer.
Foi com imenso pesar que fui cerrando,
Bem devagar, a janela;
Que fui privando-me, pesarosamente, daquela visão divina...
Mas, assim que fechei a janela,
Minha sensibilidade aflorou
E a inspiração exigiu
Que eu imortalizasse aquela tela
Nestes versos que falam por mim.