TELA DIVINA

A noite já reinava há horas.

A hora de dormir também chegara.

Hora marcada pela rotina de mais um dia concedido e vivido.

Ao chegar ao quarto para prepará-lo,

Um travesso raio de luar entrara pela janela

E o clareava por completo!

Pensei: é lua cheia!

Ao aproximar-me da janela para fechá-la,

Hesitei... não pude fazê-lo.

Uma lua enorme e linda

Comandava todo o límpido céu!

Nem uma nuvem.

Nada havia que empanasse aquele brilho argênteo,

Que inundava todo o infinito celeste!

Debrucei-me na janela

E, prisioneira daquela visão sublime,

Perdi-me no deleite de tão suave encantamento!

E assim, contemplando aquela tela divina,

Ficaria ali, embevecida, por tempo indeterminado...

Mas o sono que já chegara,

No seu "egoísmo" cotidiano,

Ditou-me o que eu tinha que fazer.

Foi com imenso pesar que fui cerrando,

Bem devagar, a janela;

Que fui privando-me, pesarosamente, daquela visão divina...

Mas, assim que fechei a janela,

Minha sensibilidade aflorou

E a inspiração exigiu

Que eu imortalizasse aquela tela

Nestes versos que falam por mim.

NEUSA RAMOS
Enviado por NEUSA RAMOS em 21/04/2018
Código do texto: T6315187
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