OS VALES (reservas de veneno)
A natureza e o homem pulsam
Nas correntezas dos vales
E no eco do borá, o zunir
Das lágrimas de nossas flores.
Os ventos quentes que descem
Nos vales, fedidos, castigam
As pobres vidas que resistem,
Nas cachoeiras de águas mortas.
E o chão abrasa em fogo,
Da crueldade do latifúndio,
Que destrói a fauna e a flora,
Levados pelo vendaval de cinzas.
O cerrado em velas lamenta
E nas estradas do mundo,
Que transportam as riquezas,
O trilho do túnel da extinção.
Genocídio natural e humano,
Nas terras cálidas da colmeia,
O acre cheiro das toxinas,
Respiram pobres vidas ingênuas.
As gotas de águas das chuvas,
Que caiem em nosso solo arde,
Nas peles pretas e nas roças,
Ruínas de destroços nos vales.
Morrem os seres em silêncio,
No jardim de todas as vidas e
Nascem as reservas de veneno,
Nas águas Pretas rumo ao mar.