AS LÁGRIMAS DAS FLORES
As árvores da vida enforcadas
Pelos correntões, na dor da
Marcha de irmãos inocentes
E no sol vermelho anuncia
Tempestades de maldades.
Vejo as flores, entre caieiras,
Quentes e mortas, em
Lágrimas beija a mãe natureza
Preto-cinza e rolam no silêncio
De cores vivas do cerrado.
Os grãos que nascem da terra
No plantar de nova paisagem,
Infectados servem ao homem,
Em fogo que arde na trempe
De angústias a mais sofrer.
A foice, o machado, a enxada,
Nos baixões abraçados à morte,
Pobres vidas sugam o néctar
Letal das flores envenenadas
E nas fontes as águas secam.
Na estrada, o gemido das flores,
Em trilhas humanas de pesares,
No apiário de lágrimas e gritos,
A ignorância brinda o progresso
E o preto lamenta suas feridas.
E as lágrimas das flores
Correm ácidas e doentes
Nas cicatrizes dos viveres,
Em cemitérios de almas nuas,
No purgatório céu do cerrado.