Ferrões
Na tela selva, está presa uma borboleta com um azul jamais visto
No sucumbir do caminho, o quadro caiu e das árvores pinceladas tornou-se uma abelha
Dois passageiros insistiram em salvar-me carregando a tela e espantando-a
Sentindo-se injustiçada, voltou para o meu conhecido ombro
Tive que espantá-la para protege-la
Vi sua segunda queda, seu revirar, suas asas baterem lentamente
Fui obrigada a rir, afinal estava no mundo concreto
Virei a tela por um ângulo que pudesses se esconder na poça d´agua ou entre as sombras
Sua decolagem foi arisca, com ferrões para cima
Te dei novamente meus ombros
caminhamos ouvindo seu zumbido
Eu, você e a natureza moldurada
No lado esquerdo do meu pescoço tem as marcas sutis
de um ferrão que estavas prestes a entrar sem dor
Querendo enfiar-me a rejeição