Lá na roça
Lá no pé daquela serra, onde cisca o sabiá.
Na casca daquela arvore, gravei um nome ao cantar.
Lá no pico daquele morro, onde nasce o uruá.
Gritarei este nome, que eu um dia ainda hei de amar.
Lá no fim daquele vale, vive um poeta a versar.
Na sombra de uma figueira, escreve o seu conto.
Lá a beira daquele poço, o poeta vive a sonhar.
Com a figura da sua amada, descreve seu encanto.
Lá na barreira daquele riacho, o João de bairro pega barrinho.
Para encima daquele mourão, contra o vento fazer seu ninho.
Lá também banha a cutia, fazendo festa com os filhotinhos.
Sempre alerta a pintada, que chega sorrateira de mansinho.
Lá naquele remanso, aonde vi curió canteiro a beliscar.
Vi uma bela moça a lavar, a barra da saia a cair.
Lá naquele barrado fechado, vi o carijó a cocoricar.
Vi o moço avessado, querendo com a moça bulir.
Lá naquela sombra do jacarandá, onde descansa o matuto.
Vi a moça feliz, cantarolando a assoviar o seu amor secreto.
Lá naquele pomar, onde as frutas são maduras e fartas.
Vi o cabroco uma maçã pegar, para a sua amada desfrutar.
Lá naquele ranço de sapé, onde dorme e sonha o caipira.
Vi no céu de noitinha, os vagalumes brincar de serem estrelas.
Lá na roça na manhãzinha, o Sol vem bancando o arco-íris.
Vi ali a vida acontecer, e as meninadas vivendo com alegria.
Autor: Joabe Tavares de Souza – Joabe o Poeta.