Lá na roça

Lá no pé daquela serra, onde cisca o sabiá.

Na casca daquela arvore, gravei um nome ao cantar.

Lá no pico daquele morro, onde nasce o uruá.

Gritarei este nome, que eu um dia ainda hei de amar.

Lá no fim daquele vale, vive um poeta a versar.

Na sombra de uma figueira, escreve o seu conto.

Lá a beira daquele poço, o poeta vive a sonhar.

Com a figura da sua amada, descreve seu encanto.

Lá na barreira daquele riacho, o João de bairro pega barrinho.

Para encima daquele mourão, contra o vento fazer seu ninho.

Lá também banha a cutia, fazendo festa com os filhotinhos.

Sempre alerta a pintada, que chega sorrateira de mansinho.

Lá naquele remanso, aonde vi curió canteiro a beliscar.

Vi uma bela moça a lavar, a barra da saia a cair.

Lá naquele barrado fechado, vi o carijó a cocoricar.

Vi o moço avessado, querendo com a moça bulir.

Lá naquela sombra do jacarandá, onde descansa o matuto.

Vi a moça feliz, cantarolando a assoviar o seu amor secreto.

Lá naquele pomar, onde as frutas são maduras e fartas.

Vi o cabroco uma maçã pegar, para a sua amada desfrutar.

Lá naquele ranço de sapé, onde dorme e sonha o caipira.

Vi no céu de noitinha, os vagalumes brincar de serem estrelas.

Lá na roça na manhãzinha, o Sol vem bancando o arco-íris.

Vi ali a vida acontecer, e as meninadas vivendo com alegria.

Autor: Joabe Tavares de Souza – Joabe o Poeta.

Joabe o poeta
Enviado por Joabe o poeta em 22/01/2018
Código do texto: T6233128
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.