NATIVA
Eu era nativa, natural das terras tupis,
Nascida da lua, nas flores do manacá,
Eu era livre e suave,
Como as filhas do vento,
E a lança destemida nas mãos de Anhangá.
Eu era mistério no canto lancinante do triste Uirapuru
E o hino das águas à voz de Yamandú.
Eu era serena como a linda Iracema,
Virgem de Tupã.
E tão corajosa quanto ao Peri,
dos povos guaranis.
Mas veio de longe a morte,
mudou minha sorte,
Cativa vivi.
E entristecida eu adoeci...
Vieram as queimadas,
Vieram as serras,
Derrubando as árvores,
Poluindo o solo,
Ferindo a Mãe Terra sem dó, sem devoção.
Eu quero de volta
O rio, as matas, os bichos libertos,
Os espíritos da aldeia,
De meus anciãos
Dançando e cantando no lugar que é meu,
Na terra de meus pais,
Chão onde nasci.
By Nina Costa, in 30/12/2017,
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.