ACERCA DA ÁRVORE
ACERCA DA ÁRVORE
Não preciso está
debaixo de uma árvore,
numa tarde qualquer
de ameno verão.
Basta que eu imagine
está debaixo dela,
para que a poesia
brote tão singela.
Mas se estiver, a poesia
talvez não brote de início,
das folhas secas caídas
da árvore frondosa.
Ache melhor emanar
do ninho da ave sobre
a sua fronde, cujo viço
das folhas, acena alegre
ao ocaso rubro na tarde.
No entanto, para sentir
a poesia brotando,
seja na imaginação
ou debaixo da árvore,
ando pelo seu caule
e galhos, sinto o cheiro
agreste de suas folhas,
bebo de sua seiva
e deixo que o orvalho
da noite fluído dela,
se derrame quais estrelas
em clarões solares,
sobre a concepção
dos versos vegetais.
Pois a alma, antes
de fazer a poesia, anda
e voa por muitos lugares.
E após, armazena
as imagens na fonte
consciente, convertendo-as
em palavras e versos,
delineando a estrutura
poética que, em dado
instante, faz brotar
e concluir acerca
da árvore, a poesia.
Escritor Adilson Fontoura