ACERCA DA ÁRVORE

ACERCA DA ÁRVORE

Não preciso está

debaixo de uma árvore,

numa tarde qualquer

de ameno verão.

Basta que eu imagine

está debaixo dela,

para que a poesia

brote tão singela.

Mas se estiver, a poesia

talvez não brote de início,

das folhas secas caídas

da árvore frondosa.

Ache melhor emanar

do ninho da ave sobre

a sua fronde, cujo viço

das folhas, acena alegre

ao ocaso rubro na tarde.

No entanto, para sentir

a poesia brotando,

seja na imaginação

ou debaixo da árvore,

ando pelo seu caule

e galhos, sinto o cheiro

agreste de suas folhas,

bebo de sua seiva

e deixo que o orvalho

da noite fluído dela,

se derrame quais estrelas

em clarões solares,

sobre a concepção

dos versos vegetais.

Pois a alma, antes

de fazer a poesia, anda

e voa por muitos lugares.

E após, armazena

as imagens na fonte

consciente, convertendo-as

em palavras e versos,

delineando a estrutura

poética que, em dado

instante, faz brotar

e concluir acerca

da árvore, a poesia.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 30/12/2017
Reeditado em 09/05/2018
Código do texto: T6212305
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