Poesia das estações

Na valsa das luzes, de suas cores,

Das sensações, de seus odores,

A poesia, que pincela um ano inteiro,

Os contrastes, dos seus ventos,

Dos céus, aguaceiros,

Dos ciclos, das suas monções,

Que mostra a mãe-terra,

Bailando sua alegria,

Cantando em sua redoma,

Explodindo o fenômeno,

Comunicamos as velas,

Na alma celebramos, lamentamos, esperamos,

Sentimos cada estação,

Cada passar do ano, do seu tempo,

Vivemos cada momento,

Como todo mundo,

Mas para o artista,

A existência é a verdadeira divindade,

É o seu olhar mais profundo,

A vida é o próprio Deus,

Sabendo ou não,

Celebramos além, do que deveríamos, do que pedimos,

E assim celebramos, a humana condição,

N'auto-consciência,

Navegamos em auto-mar,

E em toda atmosfera, que nos abraça,

Sentimos o seu passar,

Velejando a imensidão,

No sol de verão,

Nas folhas d'outono,

No inverno que aqui é brando,

Na primavera, com as cores sonhando,

Quando o ano começa,

Quando nos esquecemos do ano,

Quando o mês nunca acaba,

Quando nos perdoamos,

Quando encontramos alegrias, entre-amigos,

O sol, que nos dá abrigo,

Doura à pele, e engana com seu exílio,

Se a vida é a fuga, do universo consigo,

Se há vida, transtornos e pedidos,

Que nasce, brota, degenera, e morre,

Tendo também as suas estações,

Que podem durar mais tempo,

Ou dormir no berço,

Que pode degenerar, desde o batizado,

Desde o começo,

E mais artista, calado gritar,

Mais apegado, à vida, se tornar,

Mais vívido, tingido, em melancolia,

E convencido, que viver colorido, é sempre preciso,

As estações são a poesia, do tempo e do espaço,

Dando as mãos, formando um círculo,

Na humildade, passando o momento, e sua vontade,

Do fim ao início, apenas ser,

E somos poetas, escrevendo ou não,

Escorremos, como as gotas do orvalho, ou das chuvas de verão,

Com o suor dos nossos corpos, sentimos a dimensão,

E nos deixamos, resistindo ou não, e somos levados, por toda sua confusão, que é a existência,

E a vida, em consternação.