Do lodo o Lotús
Sim é verdade essa vontade
De um louca criatura indecisa no mal
Indecisa no bem
Vai sempre além do mal e do bem
Nos caminhos floridos encontra dores também
Consumindo pecados rancores e amores
Lava no lodo seus temores
Esse animal gargalhando
rugindo e beijando
A vida em suas verdades
Somente a verdade
com esboço genial transforma-se em lótus
a partir do lodo
Esse filho da dor
Que renasce de novo acada manhã
Trazendo no peito esperança vã
Cantando rouco o amor que o devora
Enquanto geme e chora
Nos contrapontos onde mata e defende
mente e acusa
Se lambuza no lodo
Deixa ficar pra trás
No lago dos ais os tormentos
com uma canção de glória
gravada na memória
brota o lótus
quando não havia querer
despertando a vontade
de mais uma vez ser
Servir ao Propósito de amar
arriscar
tropeçar e
Levantar
Magistralmente
simples e contente
No lago de lodo onde muitos não mergulham
Ele vive e leve a cantar
com a simplicidade de quem não sabe
mas, quer amar
e desse canto inocente e que faz o lótus brotar.
(Homenagem a Raul S. Seixas)