O mar...

Insano e revolto
Desbrava em melancolia
Me lambe como labaredas
E me sacia atrevidamente

Intenso em meio a solidão
Brilhante entre ondas solares
Carregando o sal da vida
E matando em sofreguidão

No seu manto desbrava uma dor
Entre sereias imortalizadas,
Em colossais véus espumantes
Delira em orgias um canto sonoro

Atraente como uma taça de mel
Excitante saboreando nudez
Mar de ondas dançarinas e frenéticas
Fremem em êxtases ocultos

Água, terra, e ar
Se aplacam em noites vãs,
A lua contando histórias
Furta a cor do meu olhar..

Poeta Paulo da Cruz, quanta honra! Você me engrandece aqui nesse espaço de poetas. Fico grata pelo carinho sempre!!



NO OCEANO VIVO DE MINH’ALMA

E assim avançam meus olhos
Sem receio... na imensidão do infinito oceano
A que se deixa levar qual pétala ao vento
No singular aroma da maresia
Este pensamento a que outrora era pálido e tímido
Como a que estava cego aos olhos de su’alma

E neste místico instante
Fixo e estacionado estou (estaria realmente parado?)
De fronte para o mar
Na perspectiva de sua imensurável figura
E assim vou
Permitindo, então, meus desnudos pés degustarem de suas espumas
A que deliciosamente se afundam nas areias da praia
A que agora sinto o gosto da imortalidade
(ou seria da própria eternidade?)
Sem me importar quanto tempo, pois irá durar
Muito menos temer os feitiços das sereias com seus bruxedos
Ou a fúria do terrível Leviatã

Mas então, o mar!
E sempre ele...
Estaria eu, pois dormindo a ouvir os risos das ondas?
A embalar-me num doce ou salgado sonho
Ou, quem sabe, desperto e alucinado ante a expressão de sua grandeza
Todavia, perdido frente sua beleza e encanto?
No suave odor de seu marulho
A que se mistura ao canto das gaivotas dos cais

E, por tudo isso me curvo em total reverência
Diante deste santuário de esplêndida formosura e grandeza

E, desta forma, o pensamento navega... flutua... balança...
Quais barcos a que acima de su’ondas trafegam
E seguem em sua aventura... sempre além
Muito além dele mesmo
No tumulto de suas águas
No silêncio de minh’alma... viva e fecunda

Vai-te, então, minh'alma
Vai-te
Vai-te em sua dinâmica busca
Ao encontro de Quem também te procura
Desde o primeiro dia em que tu te perdestes
No entranhado mar de tua vida

Ah, o mar!
Quanto cabe em minh’alma todo a sua extensão e infinito
A que, agora, à minha frente se encontra!
Quanto cabe em meus olhos!
Como o florido céu com su’estrelas reluzentes
A que se refletem no negrume da noite em suas águas
A encaixar em sua profundidade na palma da mão do Criador
Para quem tudo é tão pequeno!
Tão insignificante!
E cujo tempo de um árduo e arrastado milênio
É para Ele menos que um brevíssimo segundo

E destarte somos todos em face de ambos
Seja de Deus... seja do mar
Qual pequeníssimo grão de areia
Qual incomensurável espaço celeste
A que se mergulha em sua escura e interminável noite
Neste incrível paradoxo... a que se chama vida
Na expressiva beleza desenhada por suas mãos
A que neste momento se faz percebida por meus frágeis olhos
Cujo Autor se esconde de nós
Ou estariam noss’olhos fechados por não poder Vê-lo?...

Poeta Paulo da Cruz, 18-09-17

Grande sonetista Gilberto Oliveira! Obrigada poeta pela amizade e carinho sempre!

Há mares que vêm para os amares
Outros, nem procela ou calmaria
Na rasa balsa das lindas Marias
Neste universo aos mil malabares.

Ah, Mardielli! Agora inverti o processo viu? Eis-me bagunçando vossa duna-poética... rsrss... foi sem querer querendo que saiu essa quadrinha.

Grande Gilberto Oliveira, 19-09-17