Corredeira

Ladeira, canseira, poeira, uma roseira solitária perdida na mata. Um atalho de cascalho margeando a cascata. Uma vereda, um galho caído, atravessado. Uma pedra, uma topada, um gemido, um sobressalto, um escorregão. Segura, levanta, não deixa cair no chão, enfrenta o piçarro com todo cuidado, aguenta que o santo é de barro. Vez por outra, aqui e ali, um pássaro reclama da invasão com um sonoroso berro. Arreia, bota no chão p’ra descansar que ninguém é de ferro. Subir, descer, chegar ao alto. Como faz falta ali uma pista, mas só petisca quem arrisca. A vista lá de cima, como é linda. Se for com suor fica ainda melhor. É aqui, depois desta porteira, chegamos afinal. Já avisto a corredeira. Podemos arriar o barco, pessoal.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 07/08/2017
Reeditado em 18/08/2017
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