Áureo Maestro que orquestra emplumada
Áureo Maestro que orquestra emplumada
Põe a cantar sob um mar cor de mel
Ornado e repleto de alvas, ó céu,
Doces nuvens, manhã flava e nublada.
E, em sua ascendência fulgurante,
Sobre o verde orvalhado de cristais
Líquidos, brilhantes, celestiais,
Derrama fluorescência aconchegante.
No apogeu de seu império, vestindo
Leve manto azulado de monarca
Segue, sereno, em majestosa barca
Ao poente, tudo descolorindo.
Apresenta-se o ocaso, róseo, belo,
Com sua fúnebre e calmante presença
Revela de estrelas mil a nascença
E o declínio do orbe amarelo.
O agora negro céu a cintilar
Como se um ambíguo choro chorasse,
Como se ao benévolo rei amasse,
Este que nunca o deixara brilhar.
Destaca-se em meio a treva infinita
A dama pálida, só, emanante
Numa aura gélida, inebriante,
Envolve a terra, absorta, aflita.
Assim, de forma bela e cativante,
Por um espetáculo esplendoroso
A Lua deixa o Universo orgulhoso
E a platéia inteira ofegante.
Abdicando do trono, imaculada,
Imota, permanece ao céu leal
Para assim contemplar, sem outro igual,
Rompimento de uma nova alvorada.