MODERNO OU PARNASO
MODERNO OU PARNASO
Ouço dentro de mim
os versos que cantam
os ruídos das águas
por entre as pedras limosas,
enquanto os peixinhos
multicolores me encantam
comendo as algas
que boiam verdosas.
Versos que também
emergem das sombras solares
e são levados pela
passagem afoita do vento;
e se aprazem em cantos
em meio as noites de luares,
e aspiram os aromas florais
com suave alento.
Não tenho como conter
a sua fluidez bem natural,
como o rio a correr manso
por entre florestas e savanas;
e se vão bem poéticos
pela inspiração essencial,
que não se atém às clausuras
normativas humanas.
Porém, só agora, após
o cessar da chuva torrencial,
é que os meus versos
se recolhem ante a beleza
do ocaso; mas eles se refazem
a cada novo instante de meu
pendor espiritual a compor
o poema, que pode
ser moderno ou parnaso.
Escritor Adilson Fontoura