CANÇÃO DE NINAR
Dorme pequena,
porque lá na mata
um tiro ecoou.
E o bem-te-vi se calou,
o pica-pau escondeu,
a araponga chorou...
O “bicho-homem” apareceu.
Dorme pequena,
pois gemem as árvores
quando tombam ao chão.
E a terra seca se faz,
os rios minguam na foz.
E os homens maus
enchem seus bolsos
com mais uns tostões.
Dorme pequena,
pois o céu agora é cinzento,
a chuva agora é ácida.
E o “monstro-poluição”,
impiedoso e voraz,
consome as maravilhas
que a natureza nos traz.
Dorme pequena,
porque na sua idade
o que vale é sonhar.
Pois sonhe com fadas,
florestas encantadas,
sereias no mar...
Esqueça agora esse mundo doente
que sua geração terá de salvar.
(Andra Valladares – Março/2005)
(*) Poema publicado na antologia "Palavas Verdes (vol. 1) ", Fórum SobreViver - Autores Brasileiros em defesa do Verde, da Terra, da Vida. Publicação organizada pela CBJE, livro lançado em março/2008.