DESEJO DE UMA ÁRVORE
Ai de mim:
— planta que quando era grão
fui lançada em terras vastas deste mundo;
em montanhas e planícies; em jardins e machambas...
Foi sem querer que fui o que sou – planta...
pois, tenho desejo de ser animal
porque ir-me-ia animar pelos novos mundos
que infelizmente não consigo os ver...
Aqui, eu parada, dando sombra aos a querem
mas, eu sofrendo de sol ardente,
aves pousando e me deixando à guarda ninhos de suas crias;
me enrolando por desconhecidas serpentes;
ou ainda, meus filhos e netos dando beleza e sacio
aos que bem a querem...
Aqui é a minha nascente,
vida minha é “não funeral”
pois, Homens me veem crescendo
esperando que talvez envelheça e por mim
embelezem seus lares, aqueçam-se,
cozinhem e guiem velhos trens...
Quem me dera, um dia ter pernas como vossas;
pernas que vós animais tendes, p’ra ver outros mundos
pois, estou cansada deste que me destes.
04.2003