DESEJO DE UMA ÁRVORE

Ai de mim:

— planta que quando era grão

fui lançada em terras vastas deste mundo;

em montanhas e planícies; em jardins e machambas...

Foi sem querer que fui o que sou – planta...

pois, tenho desejo de ser animal

porque ir-me-ia animar pelos novos mundos

que infelizmente não consigo os ver...

Aqui, eu parada, dando sombra aos a querem

mas, eu sofrendo de sol ardente,

aves pousando e me deixando à guarda ninhos de suas crias;

me enrolando por desconhecidas serpentes;

ou ainda, meus filhos e netos dando beleza e sacio

aos que bem a querem...

Aqui é a minha nascente,

vida minha é “não funeral”

pois, Homens me veem crescendo

esperando que talvez envelheça e por mim

embelezem seus lares, aqueçam-se,

cozinhem e guiem velhos trens...

Quem me dera, um dia ter pernas como vossas;

pernas que vós animais tendes, p’ra ver outros mundos

pois, estou cansada deste que me destes.

04.2003

Kheni Macovela
Enviado por Kheni Macovela em 12/05/2017
Código do texto: T5996671
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