Na cachoeira.
Foi num sopé de serra, que eu fui mi arranchar. Arrodeado da mata, era um lindo lugar. Ouvindo o som do vento e os passarinhos cantarem. Tudo estava perfeito. Eu e meu mundinho. Mas quando o destino não quer que você fique sozinho. Não adianta se esconder, que ele mesmo arranja um jeito de florir seu caminho. Vizinho à cachoeira, pertinho de onde eu morava foi morar uma cabocla daquelas de mudar a história. Também procurava paz e queria se isolar. E justamente perto deu a danada foi morar. Fingimos serem dois bichos que não sabíamos falar. Mas esquecemos de que o olho é de costume nos entregar. Toda vez que nos olhávamos sabíamos que não ia demorar. Ficávamos nos admirando e sentindo muita atração. Mas ela sempre fugia, sabendo que qualquer dia, vinha comer na minha mão. Onde tem macho e fêmea sempre acaba em combustão. Fugíamos um do outro como o diabo foge da cruz. Mas também sabíamos que maior é o poder de Jesus. Não demorou, a chegar o dia, de a onça beber água e tudo favorecia. Já era de madrugada, noite de lua cheia e não tínhamos dormido ainda. Só imaginando qual seria nossa sina. O som da cachoeira nos convidava a banhar e até parece que combinamos, chegamos juntos ao lugar. Ela foi se despindo e eu lhe admirando. Ela ficou sorrindo como mi convidando. Eu também mi despi e fui logo lhe beijando. E ali na cachoeira o dia já clareando, no meio da natureza, com a paz que tanto procuramos. Apenas fizemos amor sem fazer nem um plano.