TÍPICA CENA NORDESTINA
Verão!
Sol causticante,
Vento quente e sufocante,
Ofegante e cansado, sedento.....
O sol brilha incondicionalmente!
Nuvens?! Nem sequer uma.
Tudo é azul......
......a vistar olhos.
Uma copa enorme: guarida.
Apresso o passo.
Paro.Olho.Desisto.
É linda!
O verdume das folhas reflete
O brilho amarelado do sol
Formando uma linda visão
O choque de tais cores.
O brilho se torna azul, verde, amarelo e lilás;
No vislumbre rápido do meu olhar esguiu.
Copa grande! Gigantesca!
Tronco forte! Bonito! Orgulhoso!
Imponente!
Entre as pequenas árvores, a ladeá-la:
Uma laranjeira!
Embaixo de uma das...nem tão verde...
nem tão majestosa....fiquei eu:
Observando e passando o tempo.
Bois e vacas e remoer sossegadamente
em tão refrescante oásis.
Mosquitos e mutucas a perturbá-los,
que com um simples levantar de rabo,
afasta-os.
Ela, a vaca, elegantemente deitada!
Ele, o boi, de pé inusitado olhando
às vezes com segurança, desconfiança,
outras com despreocupação.
O tronco da árvore visivelmente se mostra
um ótimo amolador de cornos.
Resistente e eficaz!
Um assanhaço azul-cinza,
canta despreocupadamente em sua copa;
Uma revoada de anus chega e,
obriga o assanhaço ir cantar em outro galho.
Ao longe o canto de uma rolinha fogo-apagou
e o responder de uma caldo-de-feijão.
O sol continua majestoso!
Inclemente ao com o canto
insistente e mortífero das cigarras,
as quais chegam a explodir,
na súplica pela chuva.
E quantas!!!!!!!!
Quantas já deixaram de cantar,
acometidas é claro pela explosão.
Os grilos!
Chegam a despertar-me do vislumbre,
com um cricrilar orquestral de timidos
agudos e ensurdecedores:cri!!!!!cri!!!!!cri!!!!....
Aguço o tino. Olho. Mas não os vejo.
Difícil localizá-los.
Novamente a rolinha ecoa seu rular
no silêncio ensolarado do verão nordestino!
E é seguida pelo gavião espreitador,
que com as asas abertas e olhos laser,
deixa todo o galinheiro alerta:
os pintinhos procuram as asas da mãe;
a galinha reclama zangada: có...có...có...
O galo se enche de autoridade e
põe-se em defesa do terreiro.
É alarme falso!
Com seus gritos de terror e morte,
sua sombra ameaçadora afasta-se.
Ao longe mugi um boi: Muuuuuuuuuuuuu!!
outro responde prontamente: Muuuuuuuuuu!
O quê dizem? Não sei.
O vento quente invade novamente tudo,
e a sombra já não é tão refrescante como antes.
O sol continua sua trajetória......
Inconsciente! Imponente! Sem misericórdia.
A cigarra ainda canta sua suplica pela chuva.
É mais um dia no verão nordestino.
Transpiro por todos os poros.
Tenho sede!
Como a cigarra porta-voz da natureza:
Quero água.