Vento desordeiro
Hoje o vento está nervoso e mal intencionado
Agitando o arvoredo com sua poderosa lufada
Batendo portas e janelas como um mal educado
Levantando pelas ruas o vestido da mulherada.
Vai encravando os ciscos nos olhos das pessoas
Enchendo de poeira as roupas estendidas no varal
Com o seu assovio prolongado pelo espaço ressoa
Anunciando os presságios de um grande temporal.
A vegetação se curva com o seu sopro poderoso
Espalhando pelo espaço os ninhos e seus filhotes
Prossegue o vento bufando como mostro perigoso
Provocando por onde passa a destruição e a morte.
Varrendo com a sua fúria as poeiras das estradas
Arremessando pelas alturas os restos dos telhados
Destruindo os jardins e as suas flores perfumadas
Com a força assustadora de um poderoso tornado.
Milhões de demônios desordeiros e enfurecidos
Fazendo as suas estripulias por onde eles passam
Deixando o azul do céu no horizonte escurecido
E em todas as barreias extrapolam e ultrapassam.
Açoitando sem piedade os encantos da natureza
Arrastando tudo que é encontrado pela sua frente
Devastando destruindo com selvagem malvadeza
A ventania segue furiosa impetuosa e inclemente.
Espalhando nuvens gerando no ar a tempestade
Arremessando o seu granizo cortante das alturas
Juntamente com suas chibatadas de eletricidade
E no estrondo dos trovões abalando as estruturas.
O vento que era brando e que afagava docemente
Ninguém sabe o motivo do seu mau comportamento
Mas são determinações de uma soberana lei regente
Que governa e predomina sobre todos os elementos.