Veredas.
Veredas tantas, veredas santas
De tantos santos de crenças mortas,
De plantas vivas secas e tortas
Sertão veredas que não tem portas.
Em cada várzea um açude seco
Terra rachada por sequidão,
Veredas tantas perdem de vista
Onde o sol queima a planta no chão.
Veredas de animais magros, fios de vida
De urubus fazendo festa numa carcaça,
Restos de tudo que a seca mata
Até a esperança do sertanejo sofre ameaça.
E os santos ocos em seus andores
Nas procissões pelas estradas,
Vozes ouvidas por outras almas
Que cantam rezas já decoradas.
O retirante partindo triste
Com pouca traia pra carregar,
O sol castiga a sede mata
E a longa estrada pra caminhar.
Estradas veredas, veredas longas
Busca de agua e o que comer,
Cigarras cantam na longa trilha
E só o mais forte pode vencer.