FLOR LARANJADA
No silêncio tropical do anoitecer,
Brilha a lua não-fixada lá no céu.
E, na floresta chora um homem, pelo fel:
Amarga a dor de um amor que não teceu.
Na fria noite da floresta tenebrosa,
Suas lágrimas qual sementes caem no chão:
Derrama-se o coração do homenzarrão,
Que a floresta tornou pequenininho.
Já cantam as aves o raiar do novo dia,
Fazendo o tal homem fugir dessa paixão,
Varando, desprezado, outros rincões...
Das lágrimas brotaram, nessa terra,
Tantas plantas, como a laranjeira em flor:
Herança do seu fel, de mal-de-amor.
Se perpetua nessa terra seu memorial de dor!
Capanema – PA, 2006.