ANGÚSTIA TORRENCIAL
Gripado, em plena manhã,
No frio da chuva ludovicense,
Apenas contemplo velhos prédios
E não sinto a paisagem estranha,
Na friagem inocente,
Pois, resfriado, estava entediado!
Mal consegui ler Giordano Bruno,
Com náusea de existir naquele dia,
Com muco a me vedar narinas
E a saudade do amor de outubro:
Presença da amada com alegria,
E sua ternura a coroar-me a vida.
Foi quando apareceu entre plumas
Intumescidas, um pombo, ave solitária,
Ao lado de uma caixa-d’água:
Aquecido em suas penas escuras.
Sobrevivendo àquele frio diário,
Embaixo daquele “pau-d’água”.
São Luís – MA, 15 de abril de 2011.