ODE À TEMPESTADE

Canto potente dos céus carregados

Por nuvens de plúmbeo e divino fulgor

Arma de deuses jamais derrotados

Em rudes batalhas de extremo fragor

Prostrai a Cronos, selai-o no Tártaro

Ó Zeus armipotente, brandi os teus raios,

Justiça dos céus atinge o pai bárbaro

A nova era fulge entre escombros e cacos

Gigantes de gelo por fim derrotados

A fúria incontida do Mijolnir provaram

É Thor quem avança, instigando os cavalos

Retinem relâmpagos sob seus cascos

Quem traz a justiça feroz e indomável

Abrindo os caminhos, brandindo o machado

É ele, Xangô, o trovão implacável

Que não fecha os olhos ao mal praticado

Divina Oyá que é dos ventos senhora

Bailai entre as nuvens, cantai pelos céus

Tu cuja luz é mais bela que a aurora

Derrama a vida por entre os dedos teus

Rugi, pois, ó céu já de chumbo tingido

Que terror algum teu som pode inspirar

Nenhum que o vil astro-rei envaidecido

Não traga com o seu hediondo brilhar

Brami sem pudor, urrai com vontade

Que o som que produzes é mais que divino

Somente os impuros temem a tempestade

Por não saber nela o mais belo hino

Que a natureza compôs no exílio

Da fertilidade e da vida em pujança

Que o sol arruinou com seu maldito brilho

Impondo a calamidade de herança

Cantai, pois, uivai, ò tormenta bendita

Pois és tu a benção do renascimento

És sempre tão doce, inda que enfurecida,

És término de um vil e ardente tormento

Fazei, pois, brilhar sobre nós teu poder

Que o lampejo argênteo e o imenso clangor

Do trovão que abala o céu e faz tremer

Quem da ignomínia é vil adorador

São juras de eterno e de profuso amor,

Carícias ardentes do céu sobre a terra

Amantes se dando com imenso vigor

Num orgasmo divino que jamais se encerra.

Alan Thanatos
Enviado por Alan Thanatos em 20/02/2017
Código do texto: T5918607
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