MEMÓRIAS DO CORTA-MATO
“O Crosse de Matos Velhos”
Éramos mesmo atletas de alta competição,
E não atletas a fingir e dar nas vistas,
Corríamos dia a dia quilómetros p´ las pistas
Pra conseguir obter estatuto de campeão.
Mas o segredo não estava naquele voltear
Estava nos quilómetros feitos fora delas
Correndo montes e vales, com botas ou sem elas,
E não havendo maneira disto contestar.
Era pra nós talismã aquele mágico chão,
Na várzea de Matos Velhos não éramos turistas,
Com agrestes sessões, tantas vezes malquistas,
Chafurdávamos no paul quer quiséssemos ou não…
Era a nossa paixão aquele verde corta-mato,
O grande teste seria em manhã de dia santo,
Leões e águias batiam-se tanto, tanto
Que, apesar de rivais, éramos de bom trato.
Ali correram as pernas do Lopes e Mamede,
Ali correram Anicetos e Anacletos,
Ali suou Leitão e Canários espertos
E ali corri também eu, versejando minha sede.
Ninguém faltava à chamada, ou não fosse atleta
Com ou sem louros, mas ambicionando a meta!
Frassino Machado
In A MUSA DOS ESTÁDIOS