O DONO DO RIO
O Dono do Rio
expulsou o gado,
as lavadeiras de roupas,
os plantadores de batatas,
os jogadores de bola
e dominou o rio,
prendeu suas águas,
deixou só um fio.
O Dono do Rio
montou um areieiro
e hoje vende a areia
por muito dinheiro.
É caçamba saindo,
é caçamba chegando,
e o Dono do Rio
muito mais enricando!
O dono do Rio
construiu mansão,
comprou fazendas,
comprou muito gado,
mas o rio — coitado!
Só foi afundando,
a cada dia sumindo,
a cada dia minguando!
O Dono do Rio
com seus dragões mecânicos,
com sua ganância infinda,
quando menos esperar
ele vai descobrir
que a areia acabou,
que tudo findou,
que a natureza vingou.
O Dono do Rio
um dia verá
que nada é para sempre,
que não é dono de nada!
Que a justiça da terra
pode até ser comprada,
mas a justiça divina
ela vem e não falha!
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Poema dedicado ao Rio Paraíba do Norte.