VERSOS NATURAIS

Não sei fazer poesia

sem que me cative a natureza,

porque ela sempre

expressa Deus naturalmente.

Agora mesmo,

vejo uma borboleta voando

com singeleza. Decerto

ela quis que eu a visse,

para que seja convidada

a fazer parte de minha poesia

plenamente. O vento que passa,

deixa em minha poesia

o perfume agradável da flores

e parece que nesse

instante, algumas abelhas

colhem o néctar, para depois

adoçarem os meus versos naturais.

Amo mais a natureza

do que a mim, porque a minha

alma é apenas uma, dentre

as eternidades concebidas

pelo Criador. Não sei fazer

poesia sem sentir a paz de Deus

na essência das coisas

transcendentais!

Só renovo a minha poesia

porque retiro da natureza

os elementos solitários que motivam

a minha inspiração. Observo

o viver organizado das formigas.

Para saber como elas vivem,

a minha alma miniaturizada

entra no formigueiro porque sabe

que dentro dele, Deus transfere

pra elas a sua sabedoria mais simples.

Às vezes, a minha poesia

é interrompida, porque as palavras

ficam presas debaixo das pedras,

no fundo dos rios, em cima das frondes,

no interior das tocas, no oco

das madeiras, nas grotas frias,

na queda das cascatas, etc, etc.

Mas é só por alguns instantes, porque

quando elas se desprendem, mediante

o influxo poético, o poema cumpre

a função de concluir-se com naturalidade.

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 04/11/2016
Código do texto: T5812741
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