PRAIA SILENCIOSA
Chego em você e vejo a areia deserta.
Lembro-me bem dela, de gente vivia repleta.
Hoje, não há mais gente, não há mais brincadeiras,
ninguém mais sua camisa.
Só lhe restou a efêmera brisa.
As ondas gigantescas não lhe chegam mais.
Você tornou-se o sinônimo da paz.
A juventude não quer mais saber de você,
o sol em brilhar não tem mais prazer.
Onde estão aquelas beldades que lhe ornamentavam?
Onde estão os surfistas que em você arrasavam?
Todos os dias eu chego, e vejo a paisagem mais vazia;
desapareceu até o cheiro da maresia.
Os turistas aqui estiveram, mas não lhe pisaram.
Mas por que, se os dias frios passaram?
Lembro-me que o mar fazia festas aos "domingueiros",
agora, serve de estacionamento aos veleiros.
A meninada no futebol não exagera mais.
Os jovens não investem mais nos luais.
A areia deserta já virou um fato normal,
e você, fica guardada na escuridão total.
Você é silenciosa,
você é toda quieta!
Não lhe nasceram palmeiras vistosas,
mas na qualidade de calmaria,
você no ponto acerta.
-Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, de 07 a 11 de outubro de 1999.