A ESPERANÇA NÃO PODE MORRER
Eu já estava perdendo as esperanças...
Todos já haviam se identificado,
Todos já haviam mostrado seu tom.
Dois, porém, ainda estavam calados
E todos os sinais já haviam dado
De que não seria, ainda agora, que se mostrariam.
Por isso, minhas esperanças já eram quase findas.
Os dias foram passando...
O tempo encaminhava-se para o fim...
Apesar do silêncio dos desconhecidos,
Eu estava feliz com os que se mostravam,
Com os que haviam se identificado a mim como presentes de luz e cor.
Minha sensibilidade os acolhera com alegria,
Recebera-os, realmente, como presentes preciosos!
Mas... faltava-me a presença daquele que consegue, ainda mais, enternecer-me;
Faltava-me a presença daquele que prende-me pelo encantamento;
Ele não estava no meio dos outros...
Ele não estava ali...
Ontem, cheguei à minha chácara.
Enquanto abria a porteira, meus olhos percorriam o espaço
Como costumeiramente faço.
Cada coisinha miúda, cada florinha aberta,
Cada canto de pássaro, cada folha brotada ou caída,
Tudo cativa-me a atenção,
Tudo torna-se fonte de admiração...
De repente, bem nas pontas de galhos desnudos,
Percebo algo diferente.
O que seriam aqueles pontos amarelos?!
Não!! Seria possível?! Eles "falavam"?!
Tinham resolvido sair do anonimato, do silêncio?!
Sim! Eram eles! Era a vida do meu anseio, da minha espera!!!
Que maravilha! Eu também os tinha, e eram dois!
Deus reservara-me, quase no final do tempo,
O presente por tanto tempo esperado!
Lá estavam os meus ipês amarelos!...
Agora, estou muito mais feliz,
Pois tenho no meu quintal aqueles por quem tanto esperei!
Agora, junto com os "rosa" e os "brancos",
Tenho também os "amarelos"!
Aqueles que serão a "luz" do meu quintal;
Aqueles que farão, juntos com os outros,
O agosto ser diferente
Na minha vida...
Na minha sensibilidade...
Na minha chácara!...