O DESABROCHAR
Este vaso está carregado de botões.
Parece que deles, são mais de milhões.
Vão se abrir,
e eu sei que vou sorrir!
Não deu tempo de estudar a espécie.
Mas a sua delicadeza me enternece.
Vão se antecipar,
e estou aqui para celebrar.
Nem a primavera vão esperar.
Uma nova feição ao meu jardim, vão dar.
Distribuirão saúde por toda a terra, eu sinto;
Pestilências desaparecerão, não minto.
Qual será a fragrância de seu perfume?
Subirá até os altos montes, chegando ao seu cume?
Ao se abrir, proclamarão o seu reinado;
suas corolas já os terão coroado.
A sua debilidade me diminui.
A sua humildade me instrui!
Olho para os botões, e pro seu maior mistério;
não sei se rio, ou fico sério.
Mas eles me atraem para junto de si.
Esta é a minha razão por eu estar aqui:
vou colher das flores a semente bendita!
Para que em toda a terra, delas, haja uma numeração infinita.
-Gabriel Eleodoro
Rio de Janeiro, de 11 a 12 de setembro de 2002.