PRIMAVERA OFERECIDA
Eis que bate à porta a primavera oferecida
Traz o sol caloroso, as noites mais breves
A ária dos pássaros na tarde desentristecida
E o fardo da vida louca se torna mais leve
Há uma estranha conjunção dos sinais e astros
Comboios de sonhos se agrupam no horizonte
Flores do mato explodem em cheiro adocicado
Voam enlouquecidas as abelhas itinerantes
Ventos assustadores sopram demonizados
Alastrando feromônios dos insetos no ar
A natureza se extasia num coito convulsivo
Despertando nas espécies o desejo de amar
Uno-me aos seres da mata submissos ao seu canto
Para recepciona-la abro os jardins do meu coração
Pulsa a luxúria dos desejos em orgasmos delirantes
Ruge nos céus sua festa de cores e perpetuação!
Minha alma se estira pelo seus perfumes inebriantes
Oh primavera, estação sublime, coroada de flores
Faz de mim, mais um de suas espécies, me demude
Sou um camaleão, onde perpetras a matiz de suas cores!