PRIMAVERA OFERECIDA

Eis que bate à porta a primavera oferecida

Traz o sol caloroso, as noites mais breves

A ária dos pássaros na tarde desentristecida

E o fardo da vida louca se torna mais leve

Há uma estranha conjunção dos sinais e astros

Comboios de sonhos se agrupam no horizonte

Flores do mato explodem em cheiro adocicado

Voam enlouquecidas as abelhas itinerantes

Ventos assustadores sopram demonizados

Alastrando feromônios dos insetos no ar

A natureza se extasia num coito convulsivo

Despertando nas espécies o desejo de amar

Uno-me aos seres da mata submissos ao seu canto

Para recepciona-la abro os jardins do meu coração

Pulsa a luxúria dos desejos em orgasmos delirantes

Ruge nos céus sua festa de cores e perpetuação!

Minha alma se estira pelo seus perfumes inebriantes

Oh primavera, estação sublime, coroada de flores

Faz de mim, mais um de suas espécies, me demude

Sou um camaleão, onde perpetras a matiz de suas cores!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 05/09/2016
Reeditado em 02/09/2022
Código do texto: T5750991
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