Árvore Morta

Árvore na mata, caída

É uma vida morta

Cheia de vida

Musgos, líquens, cogumelos

Orelhas de pau

Limo, larvas, brocas, besouros

Traças, cupins, lacraias

Umidade silenciosa

do momento de transformação.

Oração feita sem pressa

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Perto de uma aldeia perdida

Tanta morte, tanta vida

E nenhuma destruição

Nenhuma poluição

Nenhuma superpopulação

Tronco oco de árvore

Caído, abantesma,

Gotejando o sereno

De um tempo perdido

Há muito tempo atrás

Sombra e casa provisória

Pros pequenos animais

Árvore cheia de vida

Na mata, morta, caída

Multiplica micro-florestas

No seu tronco de cortiça

Não foi a semente mau posicionada

Não foi o raio, nem a estrada

Não foi a raiz enfraquecida

Por cigarras, térmitas, formigas

Pelas bocas dos curupiras

Palavras verdes correm

As pedras também viram terra

E as árvores também morrem.