Ontem Choveu
Ontem de noite choveu.
Escutei seu pedido,
Mas pelo pesado sono,
Eu não o concedi.
Desordenada,
Ela caiu no chão
E cambaleou por todas as ruas.
Parecia ser louca,
Mas para mim,
Ela estava sozinha.
Precisava de companhia,
De alguém que com ela dançasse.
Não ligando se achariam estranho,
Ou se tamanha fosse a vergonha
Diante tantos olhos.
Podres olhos,
Que amadureceram antes do seu tempo.
Por várias vezes
Fui clamado,
Com leves batidas em minha janela.
Mas pelo pesado sono,
Não despertei.
Quando amanheceu.
Que sensação estranha
Sem dança, sem chamar.
Sem mais aquelas batidas
Que passaram a noite a me aclamar
Ela havia falecido...
E eu,
Acordei entristecido,
Ao escutar carros passando,
Acima do seu funeral.
O sol emanou sob o ambiente.
Silenciosamente,
Seu corpo desapareceu.
Sem deixar-se notar,
Ela voltou para sua casa.
Com esperança de vê-la novamente,
Abri minha janela desesperadamente.
E com felicidade
Senti nos mansos ventos, como numa carta,
A resposta que eu mais desejava escutar:
"Sob o luar, vou vagar, vou voar,
Voltarei para ver-te, para tocar-te
Pois o vento, em seu tempo,
Me trará a ti novamente".
Olhando para cima,
Com minhas pálpebras fechadas
Para o vasto céu que ainda estava nublado
Disse bem baixinho,
Quase sussurrando aos surdos:
-Se esse dia chegar,
Não deixes que eu adormeça.
Quebre minhas janelas,
Derrube minhas paredes,
Traga o seu melhor vestido
E vamos dançar.