GERAÇÃO ESPONTÂNEA

Geração Espontânea

autor: j.r.filho.

Lépida e suave, como um beija-flor,

ela pisa firme sobre o exocarpo

do fruto e, sem qualquer pudor,

põe os seus ovos em ferimento parco.

Jovens larvas logo eclodirão

e, com seus instintos de sobrevivência,

por um orifício que perfurarão

entrarão, no fruto, sem mais resistência.

Araçá e goiaba são os preferidos

do pequeno díptero, aqui enfocado,

que devora ávido, se bem sucedido,

o âmago do fruto que for penetrado.

Ao se alimentar cavam galerias,

aos poucos tomadas por seus excrementos,

provocando a queda dessas moradias

nas quais residiram por breves momentos.

São grandes as perdas na agricultura,

por danos causados pelo vil inseto,

levando países sem infraestrutura

ao caos, sem demanda, sem comércio certo.

Dos frutos estragados, ao solo caídos,

emergem, adultas, as larvas que entraram;

para sob a terra mudar suas vidas

sem mais os instares pelos quais passaram.

Transformam-se, em pupas, no seio da terra,

miúdas coarctatas, logo terão asas,

concluem o ciclo que suas vidas encerra,

outra vez saindo em busca de casas.

“Anastrepha sp” é mais ruralista

infesta pomares na zona rural.

“Ceratitis capitata” é cosmopolita

faz da zona urbana seu meio ideal.

É mister, portanto, controle e combate:

Coleta e enterro dos frutos caídos,

uso de armadilhas, veneno que mate,

em forma de isca., os dípteros atraídos.

Outra alternativa pode ser usada:

Controle da “mosca” biologicamente,

a “microvespinha” destrói, desbragada,

a praga citada, paulatinamente.

Minúsculo inseto, que ao “Market” assustas,

erradicado estás em plagas hodiernas.

Teu nome vulgar é mosca-das-frutas,

não há, no porvir: metamorfoses eternas.

Amélia Rodrigues, 16 de fevereiro de 2000.

Extraída de meu livro: O Homem, o Tempo e a Poesia.

José Rodrigues Filho
Enviado por José Rodrigues Filho em 16/06/2016
Código do texto: T5669075
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