GEADA

Na terra onde nasci
nos altos campos lageanos
grandes geadas eu vi
por muitos e muitos anos.

Um cortante vento sul
a geada precedia
em dia de céu azul
até que a noite caía.

O céu ficava estrelado
e a gente se recolhia
para um lugar abrigado
sabendo que a geada viria.

O frio entrava sorrateiro
pela mínima fresta
e só o fogão a lenha, o braseiro
para aquecer a casa modesta.

Na manhã do outro dia
difícil era levantar
com o enorme frio que fazia
mas tinha-se que trabalhar.

Nos caminhos o que se via
eram delicados pingentes de gelo
que a Natureza nos galhos esculpia
com delicadeza e fino zelo.

Poças d’água congelada
animais juntos, inda deitados
hortaliça com folha queimada
e os gramados de branco pintados.

Hoje, bem longe de lá, quem diria
pensei que só veria geada
em alguma antiga fotografia
mas estava deveras enganada.

Para minha grande surpresa
nesta manhã outonal
vi geada, com toda certeza
cobrindo a grama do quintal.
Aloysia
Enviado por Aloysia em 15/06/2016
Reeditado em 15/06/2016
Código do texto: T5668352
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