APÊLO
Diz o pássaro cativo a seu carcereiro:
Por que me prendestes nesta gaiola?
No arrebol a cantar sou eu o primeiro
Aqui se canto, canto mais por esmola.
Será que não vês, assim de perto
Que toda prisão é triste e cruel?
O bom mesmo é poder ser liberto
E poder voar bem próximo do céu.
Deixa-me, covarde, seguir meu caminho
Pois água e comida, tenho eu com certeza
Maior conforto não há que meu ninho
E o resto provém-me a mãe natureza.
Diz-me o porquê e qual a razão
Priva-me do direito que tenho de voar?
Só porque ingênuo caí em teu alçapão
Achas que só para ti, tenho que cantar?
Liberta-me para que eu possa cantar
Quando o dia amanhece, no lindo arrebol
Para que eu possa ao meu ninho voltar
Quando chega o ocaso, com o pôr- do- sol.
Ignácio Santos