APÊLO

Diz o pássaro cativo a seu carcereiro:

Por que me prendestes nesta gaiola?

No arrebol a cantar sou eu o primeiro

Aqui se canto, canto mais por esmola.

Será que não vês, assim de perto

Que toda prisão é triste e cruel?

O bom mesmo é poder ser liberto

E poder voar bem próximo do céu.

Deixa-me, covarde, seguir meu caminho

Pois água e comida, tenho eu com certeza

Maior conforto não há que meu ninho

E o resto provém-me a mãe natureza.

Diz-me o porquê e qual a razão

Priva-me do direito que tenho de voar?

Só porque ingênuo caí em teu alçapão

Achas que só para ti, tenho que cantar?

Liberta-me para que eu possa cantar

Quando o dia amanhece, no lindo arrebol

Para que eu possa ao meu ninho voltar

Quando chega o ocaso, com o pôr- do- sol.

Ignácio Santos

ignacio santos
Enviado por ignacio santos em 11/06/2016
Código do texto: T5663832
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