INVERNO II

O inverno vem chegando cinzento de melancolia

Para me sentir inteira tenho que tocar o céu

Dia após dia com música e poesia

Correr atrás de estrelas cadentes em noites de breu

Para fazer enxertos na solidão e na nostalgia...

Entretanto busco a minha aura que ninguém vê

As carícias soltas que não me tocam

E as mensagens escritas na areia que ninguém lê

Apenas as cores da paisagem se desbotam

E uma chuva cai furiosa sem se saber por quê...

O vento carrega pelo asfalto afora a terra dos jardins

E as árvores se despem de folhas com a tempestade

Ainda é tempo de catar as palavras espalhadas no areal

Envolvê-las num abraço soprá-las pra eternidade

Beijar a madrugada e lamber a aurora boreal...

Meus pés cansados teimam em não caminhar na escuridão

Carregando as primaveras já desgastadas

Pelos declives das encostas escarpadas

E no silêncio vazio da noite mergulho na imensidão

Deixando-me arrastar por trilhas e encruzilhadas...

Busco nas estrelas sonhos lilases e perfumados...

Como Afrodite em suas quimeras e fantasias

Com a alma plena de paixão e de poemas abandonados...

O inverno percorre minhas lembranças nuas e frias

Até que adormeço com as palavras em minhas mãos vazias...

By@

Anna D’Castro

Anna DCastro
Enviado por Anna DCastro em 31/05/2016
Reeditado em 31/05/2016
Código do texto: T5652387
Classificação de conteúdo: seguro
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