INVERNO II
O inverno vem chegando cinzento de melancolia
Para me sentir inteira tenho que tocar o céu
Dia após dia com música e poesia
Correr atrás de estrelas cadentes em noites de breu
Para fazer enxertos na solidão e na nostalgia...
Entretanto busco a minha aura que ninguém vê
As carícias soltas que não me tocam
E as mensagens escritas na areia que ninguém lê
Apenas as cores da paisagem se desbotam
E uma chuva cai furiosa sem se saber por quê...
O vento carrega pelo asfalto afora a terra dos jardins
E as árvores se despem de folhas com a tempestade
Ainda é tempo de catar as palavras espalhadas no areal
Envolvê-las num abraço soprá-las pra eternidade
Beijar a madrugada e lamber a aurora boreal...
Meus pés cansados teimam em não caminhar na escuridão
Carregando as primaveras já desgastadas
Pelos declives das encostas escarpadas
E no silêncio vazio da noite mergulho na imensidão
Deixando-me arrastar por trilhas e encruzilhadas...
Busco nas estrelas sonhos lilases e perfumados...
Como Afrodite em suas quimeras e fantasias
Com a alma plena de paixão e de poemas abandonados...
O inverno percorre minhas lembranças nuas e frias
Até que adormeço com as palavras em minhas mãos vazias...
By@
Anna D’Castro