NOTURNO
Fardo sutil, tênue...
O rugido da floresta
Estronda no espaço
E os animais se recolhem.
Finda o dia. Surge a noite.
Silêncio. Tudo parado e morto.
Só o som dos ventos no ar
A cantar o uivo que amedronta.
Deserto. Nada se move. Escuridão!
Sempre o tudo a vociferar.
É a quietude que sussurra
Na maciez das trevas.
Estrelas que se escondem
E a lua que baila sobre as águas.
Aves piam anunciando perigos.
São os peregrinos da última hora.
Recolhem-se. Banham-se de sono
E roncam os devaneios do futuro.
Nada se perde. Tudo se conta.
O sol desponta. A névoa inunda
A visão dos que despertam
E é levada pelas nuvens ao horizonte.
Dispersa-se o medo.
A coragem balbucia:
A vida é confronto de extremos!
DE Ivan de Oliveira Melo