Rompendo com o sentido.
Quero ouvir o cheiro azul da água.
Abraçar a pedra fria imóvel que nunca para de caminhar.
Acariciar o vento.
Enxergar o pássaro cantar,
Secar a roupa no relento.
Ouvir o silêncio ensurdecedor do grito das folhas deitadas no chão.
Ser cego e ver tudo,
E não ver nada mesmo que não seja cego.
Falar alto e lagarto ao lado não ouvir,
Sussurrar e a formiga mais distante ouvir.
Subir a montanha e chegar no lugar mais baixo.
Proteger os pés descalço,
Feri-los calçado.
Desenhar a voz das árvores,
Correr na água.
Amar o Drácula, odiar a Cinderela.
Sorrir para solidão,
Dançar com a tristeza,
Cantar para a felicidade.