TROVOADAS DE JANEIRO
Ontem, à tarde, ventava forte...
À hora do Cristo já escurecia...
Uma grossa barreira delimitava o Norte...
Chegava, com um dilúvio passageiro...
A chuva surgia... Trovoadas de Janeiro
Lampejos de raios, a todo momento...
alumiavam as copas pendidas pelo vento...
e a cortina cristalina, brilhante como cetim...
contrastava com o oliváceo de meu jardim...
Os ponteiros, assustados, deixaram de marcar as horas....
permaneciam parados, a luz foi-se embora...
Neste momento sagrado, em que a Natureza chora...
Tudo, pelo homem, estragado, é posto em questão...
no tempo estipulado pelo Pai da Creação...
Parada, ilhada em minha casa, minha alcova...
com medo esperava, terminar a desova...
da fúria destruidora, que, depois, à tudo renova...
A noite já chegava... a ventania continuava
E eu chorava, outra tempestade
Lágrimas serôdias de saudade
Hoje o sol, resplandecente, dominou o dia
A Natureza está bela... terra, mar e céu
A flora e a fauna esbanjam alegria
A vida se torna doce... doce água, doce mel.