TROVOADAS DE JANEIRO

Ontem, à tarde, ventava forte...

À hora do Cristo já escurecia...

Uma grossa barreira delimitava o Norte...

Chegava, com um dilúvio passageiro...

A chuva surgia... Trovoadas de Janeiro

Lampejos de raios, a todo momento...

alumiavam as copas pendidas pelo vento...

e a cortina cristalina, brilhante como cetim...

contrastava com o oliváceo de meu jardim...

Os ponteiros, assustados, deixaram de marcar as horas....

permaneciam parados, a luz foi-se embora...

Neste momento sagrado, em que a Natureza chora...

Tudo, pelo homem, estragado, é posto em questão...

no tempo estipulado pelo Pai da Creação...

Parada, ilhada em minha casa, minha alcova...

com medo esperava, terminar a desova...

da fúria destruidora, que, depois, à tudo renova...

A noite já chegava... a ventania continuava

E eu chorava, outra tempestade

Lágrimas serôdias de saudade

Hoje o sol, resplandecente, dominou o dia

A Natureza está bela... terra, mar e céu

A flora e a fauna esbanjam alegria

A vida se torna doce... doce água, doce mel.

Elisabete Leite
Enviado por Elisabete Leite em 23/04/2016
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