RIO A BAIXO - ARAGUAIA - os botos salva-vidas..

Do Centro Oeste, da mesma origem, irmãos

Porém sabemos que os dedos da mesma mão não são iguais

Um arenoso, tem seu leito raso, suas barrancas

Mudam de lugar, sempre mudam, dá pra notar!

O outro, rio das pedras, todo calçado, no fundo e lados

Araguaia e Tocantins, quero afirmar, riquezas sem fim

Quero descer para ver dos dois, no feliz encontro

Viagem cansativa, sem muito conforto, estarei no ponto!

Falo do Araguaia, onde tem arraias com seu aguilhão

Tome cuidado, veja onde pisa, nem brisa, refresca

Em vão, anestésicos, se for mesmo a tal, defeca-se, tem jeito não!

Cuidado com os candiruzinhos, entram na gente, licença, pede não!

Tomem cuidado com o rio arenoso, muito assoreado!

Cuidem da proteção ciliar, da mata, não há cascatas!

O rio é manso, corre, não corre, corre lento, quase parado

Sua nascente, bem perto de Mineiros, cidade goiana, em local elevado!

Rio berçário, espécies variadas, nele, têm abrigo

O Boto amigo, que não engravida, mas que salva as vidas

O Pirarucu, peixe graúdo, um bom bocado! Tiraram o que?

Lontras, pescadoras profissionais, não ficam para trás

Quando se convocam para uma pescaria, botos, jacarés e outros mais

As Tartarugas, táxis, não alugam, tem sua estratégia para escapar!

Não vou negar, boa comida, mas sua extinção é contrária à vida!

Passando por Barra do Garças, vejo muitas delas

Território indígena do Povo Xavante, não está como antes

Este povo nobre sofre espremido pela fronteira agrícola

Chego a Aruanã, praia dos goianienses e até de brasilienses

Descendo mais, chego a São José do Bandeirante

Onde já pesquei, até me fartei, e pra casa levei

Tempos de fartura, de depredação da fauna e flora

A natureza, agora, pede socorro, só a educação melhora!

Chego a São Felix , avisto logo o Hotel JK, na Ilha do Bananal

Maravilha imensa, você até pensa ser o Paraíso das Águas, Perdido

Não tem sentido, deixar tudo se perder, pra depois remediar

Onças, Tatus-canastra, Tartarugas, pedem proteção neste lugar

Os assassinos da natureza, a corrupção comanda, mata a sua presa

Fosse por isso, seria justificável uma invasão de fora, uma ocupação

Tempos depois, chego a Conceição, a do Araguaia!

Até aqui, muita coisa vi, decido apressar a minha excursão

Essa região do planeta, ameaçada pela ganância do agronegócio

Quero descer até o grande confronto de águas dos rios irmãos

No Bico do Papagaio, terra de guerrilhas, de um tempo que ficou

Nem mais pensar, ver irmãos pegar em armas para exterminar irmãos

Por favor, preparem-me um Pirão, servido com aquele Peixe Empanado

Peço que me permitam saborear! Por aqui é fácil ver a água correr

E o tempo passar!

Agora os irmãos vão se despedir, um vai prosseguir, o outro não irá!

Será o Araguaia, o irmão mais velho? Não tem mais pernas para caminhar?

Sobradinho-DF, 15-06-07