MINHA CONFISSÃO

Cantar no chuveiro, falar com o espelho

Ter medo de escuro e acreditar em bruxas

Tornar-me invisível, tomar banho de chuva

Andar descalça e desenhar nas nuvens

Viajar e voltar; chorar e sorrir

Correr pelos campos

Deitar-me entre as flores

Arrepender-me e novamente infringir.

Viver por inteiro, ignorar o contexto

Sentir o impuro e assumir as culpas

Ser imprevisível e um pouco maluca

Fazer pirraça das coisas inúteis

Andar, passear; cantar e emergir

Sobre o efeito dos danos.

Deliciar-me em rubores.

Entorpecer-me e em visões me esvair.

Colher o que eu semeio e aceitar o inverso

Escalar um alto muro, pagar as multas

Sonhar com inatingível, tornar-me musa

Usar a minha graça para as coisas fúteis.

Amar, deixar de amar; criar e construir

Mesmo sob os espantos.

Aceitar-me com dores.

Conhecer-me a cada sol que surgir.

21-08-08

NINFEIA G
Enviado por NINFEIA G em 16/02/2016
Código do texto: T5545918
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