MINHA CONFISSÃO
Cantar no chuveiro, falar com o espelho
Ter medo de escuro e acreditar em bruxas
Tornar-me invisível, tomar banho de chuva
Andar descalça e desenhar nas nuvens
Viajar e voltar; chorar e sorrir
Correr pelos campos
Deitar-me entre as flores
Arrepender-me e novamente infringir.
Viver por inteiro, ignorar o contexto
Sentir o impuro e assumir as culpas
Ser imprevisível e um pouco maluca
Fazer pirraça das coisas inúteis
Andar, passear; cantar e emergir
Sobre o efeito dos danos.
Deliciar-me em rubores.
Entorpecer-me e em visões me esvair.
Colher o que eu semeio e aceitar o inverso
Escalar um alto muro, pagar as multas
Sonhar com inatingível, tornar-me musa
Usar a minha graça para as coisas fúteis.
Amar, deixar de amar; criar e construir
Mesmo sob os espantos.
Aceitar-me com dores.
Conhecer-me a cada sol que surgir.
21-08-08