Sorrisos Lacrimais
A triste gota de chuva cai,
Desce, escorre, respinga, se esvai.
Água alojada no chapéu do caboclo,
Nos seios da meretriz,
Vem libertar do estorvo, vem fazer feliz.
Corre serena pela terra.
Em sua doce quietude se enterra, espera.
Receosa ou não, foge pelo chão.
Chuva, chuva de giz, chuva de lodo, chuva de bis.
Passa pelas crianças na rua,
e faz coçar-lhes o nariz.
Espia, aproveita, sussurra, graceja.
Paquera de longe o mundo dos secos,
Delicia a alma com o que não tem preço.
Imensurável, delicado e bonito,
O amor, o ódio, as dunas e o rio.
Gotículas de orvalho, presas em verniz
No sapato da menina que se molhou porque quis.