O PÉ DE FEIJÃO
O PÉ DE FEIJÃO
O pé de feijão desafia
o concreto subindo na calçada,
as ramas espalham-se pelo chão.
cujas mãos alcançam o poste.
O pé de feijão persiste
vai subindo, subindo,
o vento balança as folhas,
o pé de feijão feliz dança.
O pé de feijão insiste,
as flores cálidas, caladas
ele olha para o sol sorrindo,
enverga os braços agradecido.
O gafanhoto voa... voa,
sobrevoa as folhas do pé de feijão,
as folhas, agradecidas juntam-se e batem palmas.
O pé de feijão vence o cansaço
os braços compridos abraçam o poste
aconchegando as folhas contra a saraivada,
a chuva de aço e do mormaço do asfalto.
O pé de feijão aposta na sorte,
une as mãos, protegendo as flores dos falatórios,
dos ruídos altos e do piche do asfalto.
O pé de feijão não desiste
desafia a fumaça, a areia
se faz de forte,
no meio da poluição do lixo cósmico
o pé de feijão enfrenta a morte.
O pé de feijão atinge a nuvem,
senta na almofada de algodão.
Enrola-se no lençol azul,
o pé de feijão descansa com a cortesia da mão leve
da noite.
como um véu massageando a sua pele.
O pé de feijão debruça os olhos deslumbrantes
na lua faceira a passear flutuante no ar.
Fixa os olhos, na estrela guia rodeada das estrelas
esculpidas no espelho azul do firmamento.
A essência do silêncio transborda a alma verde
do pé de feijão de paz.
Rosa Leme