O PÉ DE FEIJÃO

O PÉ DE FEIJÃO

O pé de feijão desafia

o concreto subindo na calçada,

as ramas espalham-se pelo chão.

cujas mãos alcançam o poste.

O pé de feijão persiste

vai subindo, subindo,

o vento balança as folhas,

o pé de feijão feliz dança.

O pé de feijão insiste,

as flores cálidas, caladas

ele olha para o sol sorrindo,

enverga os braços agradecido.

O gafanhoto voa... voa,

sobrevoa as folhas do pé de feijão,

as folhas, agradecidas juntam-se e batem palmas.

O pé de feijão vence o cansaço

os braços compridos abraçam o poste

aconchegando as folhas contra a saraivada,

a chuva de aço e do mormaço do asfalto.

O pé de feijão aposta na sorte,

une as mãos, protegendo as flores dos falatórios,

dos ruídos altos e do piche do asfalto.

O pé de feijão não desiste

desafia a fumaça, a areia

se faz de forte,

no meio da poluição do lixo cósmico

o pé de feijão enfrenta a morte.

O pé de feijão atinge a nuvem,

senta na almofada de algodão.

Enrola-se no lençol azul,

o pé de feijão descansa com a cortesia da mão leve

da noite.

como um véu massageando a sua pele.

O pé de feijão debruça os olhos deslumbrantes

na lua faceira a passear flutuante no ar.

Fixa os olhos, na estrela guia rodeada das estrelas

esculpidas no espelho azul do firmamento.

A essência do silêncio transborda a alma verde

do pé de feijão de paz.

Rosa Leme

Rosa Leme
Enviado por Rosa Leme em 17/01/2016
Código do texto: T5514165
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