RIO JACUI
Meu jacuí meu velho rio
Que serpenteia serra e mata
Em tordilhas de lua e prata
Léguas aos acasos do chão
Teus romanços e correntezas
Nem um taura te domou
E tão pouco sofrenou
a tua xucra natureza
Soluçam pelos teus vaus
Ainda a rondas dos tropeiros
Pela alma dos guerreiros
lembrando cicatrizes sagradas
Pelas lutas encarniçadas
Na injusta guerra farrapa
Que no calor das trincheiras
Pelejava a indiada guapa
Meu jacuí tua imponência
Guardada legendário passado
Dos clarins de trinta e cinco
Os farroupilha cercados
Na febril batalha do fanfa
Tres dias a fogo serrado
Tuas águas tingiu de vermelho
Pelo sangue dos desgraçados
Sobranceiro rio crioulo
Das nascentes de passo fundo
Borbulhantes olhos d'água
Pros oceanos do mundo
Rebanhado água das sangas
Entre arroios restingas e mato
Adentrando mar pelo rio guaiba
E a bela lagoa dos patos