Ensaio sobre o Fim de Tarde
A brisa leve alisa as folhas
Os pássaros piam no horizonte
Em uni e multíssono
O homem para.
Finalmente!
E boceja, o despertar do sono...
Talvez, quem possa esclarecer
O espetáculo do entardecer
Seja a viola da cigarra
A guitarra dos grilos
Os cães em seus latidos
Ou as mariposas no bater das asas...
A fauna e a flora juntos
Afagam-se e afloram juntos.
O escurecer do planeta
Vem em deliciosos tons pastéis
Pintada em rósea paleta
Desce ociosa a luz dos céus
No último esplendor do dia
Minguante...
Batalha até se dar por desfalecida...
O homem em crise existencial
Panorama da melancolia
Nem vê, nem ouve, nem se despede
Da claridade que se esvai
Desrespeita, desaprecia
Desmerece, desvirtuado
Aparta-se da natureza
O filho desnaturado.
O sol está indo embora
É tarde demais
Também vão-se as gaivotas
A revoarem sobre os cais.
O fim da tarde
O início da noite
A primeira estrela a brilhar
O perolado e o dourado se cumprimentam
E o mar e o amar se complementam
Quando o sol vai repousar...