RIO AMAZONAS
Navegando rio acima,
Vendo a curva se acentuar,
Com a força de suas águas
O barranco vai derrubar.
Em solo estrangeiro nasce Ucayali,
Já no Brasil como Solimões vai deslisar.
Navega buscando o Negro e sem se misturar,
Caminham lado a lado embelezando o lugar,
E desse encontro Rio Amazonas vai se chamar.
Cada um tem sua cor,
Cada cor com sua sedimentação,
Solimões é veloz, vai derrubando plantações,
O Negro é mais lento, corre macio sem tantas destruições.
Suas águas geram vida,
Guarda povos de várias nações,
Ribeiinhos e Quilombolas, hermanos de coração.
Pescados ou nascidos das águas,
Lá na beira, do trapiche, entoam canções.
Na cosmologia dos povos,
A água com carinho modelou,
Carinhosamente a gotinha de orvalho,
Traz a semente que gerou a bela flor.
Suas águas são roupas que cobrem
A pele da menina a nadar,
Alimenta e gera esperança,
Para o peixe é segurança,
Mas, se maltratado, morre no leito da desesperança.