Rondó do Gato
Surgem de qualquer canto
Um rei do silêncio, ladino
Tão delicado e no entanto
Portador de espírito ferino.
Um erro feito e parece santo
E aquele bicho pequenino
Consegue como por encanto
Demonstrar o genético tino.
Quando se escuta o pranto
É o seu manifesto viperino
Em forma de incisivo acalanto
Dos animais, é o mais fino!
Se te escolheu ai vêm espanto
Pois é um selvagem peregrino
Ele faz de nós parte dum recanto
Prevendo amor neste teu destino.
Há um real contrato entretanto
Evite que não ocorra o término
É defesa de qualquer quebranto
Pois é um ser de coração divino
O miado é a sua forma de canto
Ainda que irrite, é afeto genuíno
E apesar do jeitinho sacrossanto
Consegue ser fofo e muito cretino!
O ser mais egocêntrico depois do humano.